terça-feira, 2 de novembro de 2010

Congresso Parte I

Esse e os próximos posts serão referentes aos dias de congresso e informações obtidas lá, que considerei relevantes. Tentarei fazer tudo em 3 posts.
Bom, no primeiro dia de congresso, tivemos de maior importância um lindo apanhado geral sobre políticas públicas. Representantes dos Ministérios da Saúde (saúde mental saúde da pessoa com deficiência), Educação, Conselho Nacional de Saúde.
Na verdade fiquei extremamente frustrada no que tange o governo, seja ele estadual ou deferal. Muita teoria, várias leis que protegem os autistas, mas nenhuma em cumprimento, nenhuma que funcione. CAPS lotados, atendimento aquém do mínimo, demora no atendimento, exigência de diagnósticos que ainda não podem ser fechados, e muitas outras coisas que no papel são fantásticas, mas que quem vive a prática da saúde pública, sofre. Ainda mais aqui na Sarneylândia.
Os recados foram enviados por esses representantes, mas além de corrermos o risco de NADA fazerem, o tempo dado às melhores palestras foram efêmeros, logo, não pudemos discutir pontos essenciais com mais ênfase.
Mas foi de grande valia tomar conhecimento de dados quânticos e qualitativos acerca da vida do autista. Eu não sabia por exemplo:
- Que existem portarias voltadas para cada tipo de deficiência, e não uma coisa unificada, como fazem nas escolas chamando integração de inclusão;
- Deficiência intelectual, pelo decreto 5296/04 é caracterizada quando ocorre o acometimento de 2 ou mais habilidades adaptativas (comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, coordenação motora, etc.)
- Existe uma portaria para esse tipo de deficência, e ela permite o cadastro de serviços com atendimento por equipe multiprofissional e multidisciplinar utilizando métodos e técnicas ADEQUADAS (cadê em São Luís, gente?);
- Essa portaria se encaixa também no autismo. É a Portaria MS/GM 1635/02 - Atenção à Saúde das pessoas com deficiência intelectual E AUTISMO;
No âmbito da educação, aprendemos a diferenciar DE FATO a inclusão e integração. Para ser bem didática, é basicamente o seguinte: Integrar, é inserir em um local/grupo. Incluir é estar PREPARADO para receber essa pessoa que foi integrada no local/grupo. Ou seja, exige capacitação, programação especial de acordo com cada deficiência, trabalhar-se salas com numero de alunos reduzido. Exige também cuidados preventivos e curativos. Tudo isso inclusive consta na CARTA DE DIREITOS DOS USUÁRIOS DA SAÚDE.
Na verdade, assim como todos cidadãos brasileiros, existem mil PAPÉIS de garantem os direitos dos autistas.
Assim que acabar a overdose de notícias do Congresso, faço um post só de links para essas páginas das leis/decretos/portarias acerca do autismo, ok?
Para acalmar os ânimos após a mesa redonda do tema (políticas públicas), tivemos uma palestra não menos interessane sobre "funções cognitivas e comportamentais no autismo", a qual foi bem proveitosa, e separei alguns pontos-chave:
- Em autismo, temos uma tríade básica, que se caracteriza dessa forma: 1- Teoria da Consciência central (Que é a dificuldade em selecionar, determinar qual das N atividades propostas têm mais relevância ou será feita primeiramente); 2- Teoria da Disfunção Executiva (É a dificuldade de planejar(manter) a atividade em curso); e 3- Disfunção da mente (A dificuldade de se colocar no lugar do outro, dividir);
- Algumas dicas foram dadas para tentar melhorar o déficit de atenção natural dos autistas, como por exemplo, fazer atividades em locais com pOuca iluminação, sem muitos estímulos que possam tirar sua atenção, alternar estudos com intervalos para não ficar cansativo, e uma aula motivadora, que traga o aluno para si (dicas para qualquer ser humano, não é verdade?);
- Autistas apresentam respostas exacerbadas acerca dos estímulos tanto para mais quanto para menos;
- Eles possuem dificuldade em juntar partes do todo e de dividir o todo em partes. Por exemplo, pra eles, uma geladeira pode se chamar SUCO, já que é de lá que sai o suco quando ele quer;
- Dificuldade para atribuir estados mentais. Eles têm dificuldade para se por no lugar do outro, entender medos alheios, porque as pessoas correm de baratas, por exemplo; Para melhorar tal habilidade, é necessário que se trabalhe a classificação dos objetos, quebrar o todo, e juntar as partes para formar o todo (o método PECS funciona bem nessa atividade)
- Para aperfeiçoar a memorização, deve-se trabalhar rotinas visuais, fazer associações, dar dicas visuais, etc.;
- Pela dificuldade na preparação o no planejamento da ação motora, deve-se trabalhar a motricidade.

Ao fim do dia, teve uma apresentação musical de uma criança autista, que eu não participei por estar extremamente cansada da viagem, sono atrasado. Soube que foi FANTÁSTICA e muito emocionante. Eu imagino, pois nas mesas redondas eu saía desidratada de emoção.
Como sempre, o post está bem longo, e vou encurtar na saída.

Até mais!

P.S: Prazer conhecer pessoas adoráveis nessa oportunidade de um congresso em um mundo o qual estou ingressando agora. Exemplos de vida, pais lutadores e muita experiência. Beijos a todos que participaram desse movimento.

Um comentário:

  1. Olá Jôse,

    Também sou de São Luís. Adorei o seu resumo sobre o Congresso em João Pessoa. Tenho um filho autista e me interesso muito em saber sobre o assunto. Não pude ir a Paraíba mas estive recentemente no Congresso Internacional em Catânia na Itália. Vc é profissional ou mãe de autista? Segue meu email para trocarmos ideias: marcio.rcf(arroba) ig.com.br

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