segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Congresso Parte III

O dia começou com uma palestra sobre tratamento psicofarmacológico. Dentre muitas inas, onas, idas e outras substâncias que ainda me parecem grego ou até então bem longe da minha realidade, pude ter a noção do significado da intervenção medicamentosa no auxílio aos autistas.
Mas não basta chegar no médico e ele dizer: "oi, eu sou médico e você vai tomar francismoliculandil porque eu quero". Existe toda uma bateria de exames a serem feitos para respaldo da receita. Principalmente por serem remédios controlados, com objetivos específicos, e como sabemos, as vezes o remédio que faz bem pra cabeça arrebenta o fígado, logo, é preciso muito cuidado com QUALQUER medicação.
Os exames que devem ser pedidos, são basicamente:
- Glicemia
-  TGO TGP Gama - GT - Esse monte de letra em exames servem para verificar possíveis lesões nos hepatócitos, que são as células do fígado. Já o GamaGT busca lesões nos ductos biliares, já que GGT é uma enzima marcadora de colestase, isto é, quando há acúmulo de bile no sistema hepático.
- Ureia creatinina
- Triglicerídeos
- Colesterol
- Dosagem sanguínea de prolactina
- T3, TH, TSH (quando necessário para o caso)
- EEG,ECG (quando necessário também).

A partir dos resultados desses exames, pode-se verificar a necessidade e efetividade em medicamentos que ajudarão no controle de alguns espectros que fogem ao nosso controle, como:

Agressividade
Ansiedade
Depressão / Irritabilidade
Desatenção
Alterações do sono
Repetições / Estereotipias
Falta de interação social / Aprendizado.

No mais, nao consegui aprender os nomes difíceis dados, as receitas e dosagem. Tudo enrolou meus neurônios.
Depois dessa palestra tivemos um SHOW com o mais esperado de todos os palestrantes, o Dr. Salomão, que além do tema central, tirou muitas dúvidas e mitos sobre o autismo, suas causas e peculiaridades.
Como ponto de partida, uma coisa suuuper interessante ao meu ver, foi a possibilidade de fazer um exame (Pesquisa molecular do X frágil) o qual verifica-se se a mãe do autista tem a Síndrome do X frágil, que é o único que aponta o TGD (Transtorno Global do Desenvolvimento, o qual o autismo está inserido) e nos dá a possibilidade de através desse resultado saber se temos uma chance maior de termos outro filho com autismo ou se nossa chance permanecerá nos 5%, que é a porcentagem mundial e normal para cada mulher.
Essa informação muito me ajudou, pois já tinha desistido de ter mais filhos por achar que naturalmente por ter um filho com autismo, minhas chances de ter um segundo seria maior que de outras melhores em situações "normais". Não, eu não quero outro filho agora. Talvez nem mais adiante. Mas quem sabe o dia de amanhã?
Outro achado foi saber que em São Paulo podemos conseguir o diagnóstico de fato gratuitamente na Mackenzie, mesmo antes dos 5 anos. A criança é avaliada, e se atingir um nível x de espectros positivos do autismo, "ganha inteiramente de grátis" a arma pra lutar por seus direitos.
Por fim, em termos de palestras, tivemos o fechamento desse ciclo com uma pedagoga mineira que fiquei apaixonada com a visão diferenciada de educação, demonstração de atividades DE FATO inclusivas, e não apenas integrativas e questionamentos pertinentes para uma sociedade que se conforma com o que "sempre aconteceu, entçao tem que ser assim".
A importância de trabalhar o ser humano e não a instrução da inteligência foi colocada de forma clara, dinâmica e com uma base pra ninguém por defeito.
Algumas dicas dadas:
- Estimular a aula mediada visual;
- Controlar estímulos distrativos;
- Trabalhar com níveis de ajuda (Onde o professor começa com ajuda física total, depois parcial, superviosionada, até que a criança realize sozinha a atividade);
- Respeitar o ritmo de cada aluno de acordo com sua necessidade;
- Usar a comuniação alternativa (figuras, sons, libras, braile...variando de acordo com a necesidade do aluno);
- Dar instruções claras;

Para provas com autistas, não é necessário mudar o conteúdo, basta aplica-la da forma que ele melhor entende. Por exemplo:
- Fazer ditado com imagens;
- Orientar através de desenhos;
- Cruzadinhas;
- Usar letras móveis;
- Utilizar tecnologias Assistivas (ela deu a dica de baixar o PLAPHOON);
- Ensinar as partes do corpo humano com aquele brinquedo "Batatão" que vem tudo separado;
- Realizar exercícios de ligar para completar a figura.

E principalmente, os educadores/pais/sociedade precisam entender que o autismo não é uma infância eterna, e que a escola não é pra socializar, é pra APRENDER.
AMEI!
Pra encerrar o Congresso, tivemos a história de vida de um Autista Asperger recém formado em História na Federal, relatada por ele mesmo. Sobraram risadas, emoção, e muita vontade que os nosso pequenos alcancem esse nível. Aspergers ou não. Vencedores SEMPRE.

Beijos

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