quarta-feira, 20 de abril de 2011

Faz parte.

O fim de semana foi recheado de saídas de rotina e mudanças.
Tive aulas da Pós e meu marido levou o pequeno para visitar a avó em um interior perto da capital. O detalhe é que passaram o sábado e domingo inteiros por lá.
Até aí, tudo "normal" (Fora meu surto de preocupação, super proteção, ciúmes e saudade). Tentei aproveitar o "vale night" para espairecer, dar uma descansada da rotina, dormir um pouco mais...
Meus queridinhos chegaram domingo à noite, e já recebi o pequeno com FEBRE.
Meu maior medo era da dengue, afinal é um interior com bastante mosquito, um matagal em frente à casa e muita, mas muita chuva. Medo descartado pelo alerta de uma amiga sobre o tempo de manifestação da doença (aproximadamente 5 dias após a picada), mas vigília contante para as variações, frequência, alimentação e hidratação.
Não sei vocês, mas eu não dou remédio por qualquer febre, pois a febre nada mais é que sinal dos anticorpos agindo, e quando a mascaramos, podemos junto mascarar algo mais grave. Sobre convulsões, pode-se tê-las com 37º, não existe regra quanto ao grau para acontecer. Independe de ser alta ou baixa, o que conta é a predisposição, histórico familiar, então dou remédio a partir dos 38.3, e aguardo o tempo de atuação e manutenção do efeito do remédio (normalmente 6hs). Se não passar, recorro à compressas de água fria, banhos. Se aumentar, administro outra substância analgésica.
De início acreditava ser só uma gripe, pois o nariz se manifestou com coriza, e achei que as outras coisas aconteceram também por esse motivo. Guilherme acordou pela madrugada GRITANDO e pulando pra cima de mim meio que assustado. Achei que era um pesadelo, algo do tipo. Mas demorou a dormir novamente e volta e meia se assustava com qualquer movimento da cama.
Na segunda, o percebi irritadiço, andando na ponta dos pés com muita frequência. Rendeu pouquíssimo na sessão da fono, mas eu continuava acreditando ser efeito irritante da gripe.
Terça-feira ele melhorou consideravelmente da coriza, mas nao da febre, nem da irritação, nem do andar e em em momentos de frustração voltou a bater a cabeça se auto agredindo, comportamento que há algum tempo não o apresentava mais.
Diante desses eventos, percebi claramente a regressão comportamental do pequeno, e coincidência ou não, desde o fim de semana fora. Conversei hoje com a psicóloga e "me toquei" para mais uma coisa, que parece óbvio na teoria e não nos atentamos à prática: Autistas são sensíveis a mudanças, a novos locais.
É bem verdade que o pequeno não tem grandes problemas de adaptação...já dormiu na casa dos meus pais, toda semana passa pelo menos um dia na minha mãe, volta e meia passamos o dia na casa da mãe do Ro e nunca nos deu trabalho nesse sentido, só que tendemos a menosprezar as crianças.
TODAS as vezes, EU estou junto. Principalmente para dormir. Se acorda à noite, EU que vou ficar com ele, pois o Ro sai MUITO CEDO pra trabalhar.
Resumindo: Guilherme saiu de casa SEM MIM, o que é até normal, pois pelo menos uma vez por mês tenho aula na pós e Rogério volta e meia dá uma volta com ele, mas ele é acostumado a no fim do dia voltar pra casa, dormir e qualquer coisa EU estar lá do lado. Nesse dia, ele saiu sem mim, NÃO VOLTOU pra casa, NAO DORMIU comigo por perto, estava num local que não ia há pelo menos 6 meses, com pessoas que ele não convive no dia-a-dia e ainda passou o dia inteiro nesse local.
O resultado dessa equação é que desequilibrou o emocional dele, e pela primeira vez ele ficou fragilizado e foi alterado em seus conteúdos psíquicos, trazendo à tona comportamentos de ansiedade (andar na ponta dos pés), agressividade (bater a cabeça), irritabilidade e medo, pois ele não entende "vamos dormir na casa da vovó, amanhã voltaremos e a mamãe não irá".
Na cabeça dele foi uma espécie de "abandono" de minha parte e uma situação totalmente nova pra ele, pois ele já dormiu sem mim quando fui ao Congresso ano passado, mas ele dormia todos os dias em casa, na cama que ele é acostumado, então o choque foi menor.
Enfim, a indicação é que a terapia siga tentando resgatar a confiança dele, e SEMPRE que for/precisar alterar a rotina de uma criança autista, fazer de forma gradativa e SEMPRE com algum dado emocional do dia-a-dia da criança. Nunca levar bruscamente para uma rotina totalmente desconhecida em um novo local, com novas pessoas.
E é importante pontuar que volta e meia por uma alteração de rotina, mesmo sem maiores "traumas", poderão acarretar nesse desequilíbrio, nessa "regressão" seja em qual área for. É normal, mas devemos ter cuidado para mudar o menos possível essa rotina e reorganizar esses conteúdos para fins de recuperação da regressão e continuação dos avanços.
Lição aprendida. Agora é correr atrás do prejú!

Bjos

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